A
causa de Jesus merece mais do que temos
empenhado
A notícia estava em todos os jornais:
“Brasileiro morre no Líbano lutando pelo
Hezbollah”. E um detalhe de arrepiar qualquer um é
que Ibrahim Saleh, a vítima brasileira, tinha apenas 17
anos.
A leitura cuidadosa do noticiário logo
traz outras informações sobre as escolhas desse jovem:
“Foi atraído muito cedo pela ideologia do grupo xiita
e não queria ter uma morte qualquer. Segundo a família,
o adolescente não chegou nem a fazer planos para quando
terminasse os estudos. Não pensava em faculdade ou
profissão. Começou a treinar aos 13 anos”.
Aos 17 anos, a maioria dos jovens brasileiros
está longe de querer qualquer compromisso, ainda mais
que lhe custe a vida. Muitos, aliás, estão sempre a
lembrar aos pais que estão na fase da curtição, precisam
se divertir, sair com os amigos, namorar. Se sobrar um
tempinho, dá até para estudar.
Mesmo quando os
anos passam e as escolhas mudam, não há garantias de que
haverá interesse em tomar decisões firmes, que revelem o
compromisso com um ideal maior, que vá além das questões
enfrentadas no dia-a-dia. É preciso estudar, depois é
preciso arrumar um emprego, é necessário casar, ter
filhos, formar uma família.
É claro que ninguém
está dizendo que a atitude radical de Ibrahim Saleh deva
ser imitada. Entretanto, refletir sobre a conduta do
jovem nos leva a pensar sobre nossas próprias escolhas.
Quem decide sacrificar a própria vida em favor de um
ideal – é óbvio – não tem dúvidas de que esse ideal é o
bem mais precioso de que dispõe.
Daí, imaginar
que uma pessoa tão jovem seja capaz de renunciar ao seu
bem-estar por uma causa nos leva a sentir uma pontinha
de vergonha: que tipo de cristãos temos sido? Será que
temos o mesmo zelo pelas coisas espirituais quanto pelas
coisas materiais? O que estaríamos dispostos a renunciar
pelo Senhor? Será que a causa de Jesus merece mais do
que temos empenhado?
Cada um precisa pensar e
responder sinceramente a essas questões. Ibrahim Saleh
mostrou que a pouca idade não é uma desculpa para as
grandes decisões. Ele doou sua vida ao Hezbollah. E,
nós, temos doado nossas vidas a quem? Até onde estamos
dispostos a caminhar dentro dos planos de Deus?
Chega uma hora na vida em que as respostas não
virão de nossos pais, de nossos professores ou de nossos
amigos. Cada um terá que decidir por si, prestando
contas a Deus por isso. Que a sua escolha seja sempre a
de ser uma testemunha do Evangelho, que não se
envergonha, que não se intimida com o bombardeio
inimigo, que não dá importância às coisas secundárias
que vão surgindo ao longo do caminho.
As mesmas
notícias nos jornais mostram que hoje há cerca de 30 mil
jovens no sul do Líbano prontos para entrar na luta. E
você, está pronto para batalhar por quem? “Que darei
ao Senhor por todos os seus benefícios para comigo?”
(Sl 116.12.)
Francis Rose
Jornalista e colaboradora do portal Lagoinha.com